descrevo a dor que tomou meu corpo:
ela é insana, completamente louca e dominadora…
me acorrenta aos seus humores
tritura as articulações, os ossos, as veias e artérias.
uma dor sem limites, sem horário, sem fim, sem eixos…
e então eu me queixo.
saio do silêncio e grito tristezas e impropérios
saio de mim por não suportar as dores
elas que me transformam em uma impostora
fingindo estar viva e o resto estando morto.
cada parte de mim assim martirizada sente
as pancadas, facadas… a carne tripudiada
moída pela ferocidade dos afiados dentes
da dor que me persegue em debandada…
qualquer alívio que me chegue é passageiro
instantes breves onde enxergo a luz do dia
onde me vejo acolher sorrisos sorrateiros
pedaços de bela e longínqua sinfonia…
depois volta a tirana e me toma tudo
me leva e atira no seu fundo calabouço
e lá sem resistir me vejo sem escudo
morrer aos poucos no perdido fosso.
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